20 julho, 2009

O Jardineiro e as Flores da Saudade

Nada é suficiente para quem tem saudade. As músicas que são ouvidas, os minutos de espera pela pessoa que não virá, as milhares de vezes que se vai até a janela para ver se é aquela pessoa; nenhuma delas é suficiente para fazer a saudade passar, para trazer a pessoa para perto, tudo ilusão, tudo paliativo.

A memória nessas horas não falha, não dá trégua, não tira folga. Pelo contrário, ela fica viva como a flor que recém desabrochou e que não tem prazo para voltar a terra, de onde veio um dia. As sementes da saudade já foram espalhadas e já germinaram por muitos lugares. As esquinas de todas as cidades, os vasos nas varandas das casas, os jardins já estão todos cheios de saudade. As flores nascem em lugares mais improváveis, já se viu até entre ladrilhos de pedra, onde antes só existia limo e sujeira.

O ar está cheio de pólem, o vento está levando para lugares que os olhos não veem, que só a intuição alcança. Em breve não restarão lugares para os olhos enxergarem sem que se encham de lágrimas; a água e os sais minerais delas servem de adubo para essas lindas flores.

A flor da saudade tomou muitos lugares, ela é forte, resiste ao inverno rigoroso e virá com mais força na primavera. Elas não estão sendo maltratadas por ninguém. Também pudera... ninguém as vê...
Mas é só perguntar para o jardineiro o que ele tem atrás das camisas que tantas vezes ela lavou. Experimenta perguntar ou deixar que ele fale sobre o trabalho que ele tem diante de tantas flores para cuidar.

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