23 dezembro, 2010

Sobre um moribundo, desgraçado e vencedor – Agradecimentos, perdões e pedidos

Após ter meditado, venho a esse teclado para fazer alguns registros sobre minhas vivências. Que eu consiga me expressar!

Aprendi no colégio - onde tive forte educação religiosa - que ao conversar com Deus a gente comece agradecendo, tentando conversar francamente com Ele. Agradeça, pois é o que mais devemos fazer pelas oportunidades de, através da vida, se melhorar, fazer o bem do outro e cumprir os desígnios que Ele me confiou. Mesmo que tu não acredites em Deus, que Ele deva ser chamado simploriamente de ele, creio que a parte de agradecer, se melhorar e fazer o bem aos outros é válida aos ateus, céticos, agnósticos ou qualquer denominação designada ao descrédito para com o tal Altíssimo. Como isso aqui não é uma oração, sigo somente a estrutura

Obrigado a todos que me infernizaram nessa vida, a todos que me humilharam! Agradeço especialmente aos que sentiram ódio e, com algum plus, vos digo que se me fosse possível nesse exato momento, eu lhes daria um enorme abraço sincero! Sei que muitos me acham chatíssimo e sentenciam que o Ivan É até repugnante; obrigado por esse “desapreço” e asco que sentiu e/ou ainda sente por mim. Os ataques a minha personalidade, aos meus valores, ao que sou, junto das tentativas de bombardeio e até as agressões físicas, a mim foram e continuam sendo de grande valia. Em todas as vezes que fui odiado, recebendo os piores desejos, inclusive o de minha morte seja por doença ou por suicídio, saiba que na ocasião registrei, continua em minha memória e já fora tratado de ser transformado em algo bom em minha alma; desejo de morte ao desejo de vida. Tenho a maior gratidão por todos esses desejos, mesmo que tão negativos, mortais, configurando pecados e erros; volto a agradecer de todo coração. Devo gratidão a cada frase proferida com o intuito de me fazer fraquejar, passar a não acreditar em mim mesmo, deixar de fazer o que amo. Saiba que cada injustiça que deva ter tido comigo está devidamente gravada e durante meus pensamentos, sonhos e afazeres simples, acabo triste, mas com esperança. De outras mil coisas que não tenha rememorado, prometo agradecer em pensamentos e, se um dia lembrar e tiver a oportunidade de agradecer, assim farei. Mas... existe a segunda etapa, talvez a que eu deva ter demorado mais para desenvolver, fazer com sinceridade, serenidade e que ainda devo evoluir: Pedir o perdão.

Atualmente o que tenho sonhado, lembrado e vivido são memórias de eu sendo culpado, errando e sendo apedrejado. Se existe algo que eu deva clamar, é por desculpas e perdão! Já traí, ataquei, menti. Omiti, fui orgulhoso, não assumi erros evidentes e ainda me julgava vítima. Calei quando precisava me abrir, falei as piores coisas quando o que mais precisava era do silencio esclarecedor e pacífico. Cansei quando estava com todas as energias, desisti quando o que precisava era esperança. Peço perdão. Minha alma convulsiona e se debate de joelhos, em preces e lágrimas. Devo inclinar-me e esperar o teu toque misericordioso ou o teu machado adentrando meu crânio ou minha quarta vértebra; aceito. De todo o ódio que tive, peço todo perdão. Quando agi por egoísmo, negando a existência do outro, sei que tentei te destruir ao ignorar tua alma. A isso devo me curvar e oferecer-lhe minhas mãos a palmatória, meus joelhos ao milho debulhado e a surra moral que já começou durante cada palavra orgulhosa, em todos os olhares envenenados e quando preferi encher-me de raiva, esquecendo das mil alternativas que o amor daria; enquanto o orgulho encerra todos os caminhos, o amor abre clareiras em números que nenhum satélite precisará. Culpo-me e corrôo-me. Existe a terceira “oportunidade” de “conversa”: Pedidos e desejos.

Como tentei ser verdadeiro em minhas piores faces, admitindo o que já me destruiu e o quanto já destruí, sinto que também tenha o direito e dever de pedir humildemente algumas coisas. Meu maior desejo é que continuem e repitam tudo que já me fizeram e que me perdoem pelo que fiz. Entretanto, que em algum grau e dentro de alguma possibilidade das vossas almas, se preocupem em serem justos, bondosos e gratos. O princípio do justo é o bem e a gratidão. Duas coisas vem de somente uma fonte: O amor pela verdade e/ou pelo outro. Sejam mais bondosos comigo e com os outros, ao menos tentem ser mais justos. Peça-me uma desculpa que eu te darei um abraço, um silencio bondoso e um aperto de mão de amigo preocupado com a culpa que te corrói, seja pela tua culpa ou pela mágoa que causei. Venha a mim ou abre-te quando me vir caminhando da tua direção; certamente te olharei nos olhos, direi tudo que for da alma e for possível. Não caçoe de mim pelas costas, pois saiba que se divertir na covardia é autorizar o próprio plano funerário e começar a pagar com a própria falta de moral. Não faça o que tu não gostarias que eu voltasse a fazer. Tenha consciência que nenhum erro que admiti ter cometido, em ti nunca existiu. O ser humano é igual em capacidade de errar, mas possui infinito potencial para acertar; muitas vezes não passa de potencial, pois ele, por si, escolhe não superar o que tanto lhe faz mal ou agride outros. Tira esse peso das costas e atue através da leveza da bondade. Lembra que orgulho e egoísmo é o extremo oposto do amor. Se o orgulho fere teu olho esquerdo, e o egoísmo arranca a vista direita, te causando a cegueira, lembra que existe outra possibilidade, que mesmo sendo a mais difícil de aniquilar, constitui da maior vitória que uma pessoa pode ter: Superar a si e exterminar as chagas que assolam e dão vazão a todos os males que acontecem na Terra, começando do próprio coração.

Se te parecer pedante, esquece o que falei. Muitas vezes o pedante é o que não damos conta de assimilar e o que nossa consciência não está acostumada a experimentar. “Como assim, o cara se abre, coloca as piores coisas da vida dele e ainda pede perdão?! Num blog! Coloca na internet! De forma aparentemente gratuita! Do nada! É um doente mental, um falso-profeta-quase-crente!”. Se pareceu assim, desculpa. Mas saiba que não inventei erro, nenhuma linha de desculpas e, sinceramente, pedi que continuassem a me atacar, inclusive expressando o nojo por ter achado pedante.

É com a dor que aprendo a combatê-la. A culpa é que me impulsiona a não repetir. Pedindo perdão e assumindo o quanto erro é que começo a esmagar, mesmo dolorosamente, meu orgulho que cega meu espírito. Cada ataque a quem sou é uma sensibilidade que me causa, fazendo-me até estremecer de raiva, mas causando o que chamo de transformação da experiência negativa em futuras atitudes positivas. Ao me atacar de forma negativa, raivosa, orgulhosa e – talvez - injusta, tu fazes a ocasião e oportunidade perfeita para eu desenvolver a serenidade, a reação positiva, a compreensão, a justiça (advinda desses atributos citados) e principalmente a capacidade de te ouvir ao criticar, possibilitando uma pessoa diferente da que sou, caso eu tome alguma atitude positiva diante da crítica construtiva ou do ataque maldoso. A quem não acredita que as pessoas mudam, continuam exatamente iguais, onde a “essência” é a mesma, imutável, e “bicho ruim não morre”, expresso minha solidariedade semelhante a que teria em um velório: Não há consolo possível. Somente o tempo ajudará a ver que a vida da própria pessoa cuida de mostrar a mudança diária e que a essência não é rígida, uniforme, eternamente imutável e intocável pelas leis da natureza evolutiva, fazendo-a acima das leis, como se fosse o Criador delas.

Atacar com maldade é como bombardear a cidade, destruir o inimigo, que muitas vezes é o único provedor das necessidades do povo, e deixar esses civis sem assistência. Critique-me com bondade, mostrando um caminho, uma qualidade que posso melhorar, incentivando futuros acertos, mas, sobretudo, acreditando que sou digno de bondade e respeito porque assim também considero a ti e qualquer ser humano.

Que esse natal seja muito mais que um ritual, dogma e consumismo. Que o próximo ano seja mais leve para ti, para mim, para todos os errantes e todos os edificadores de si e do outro. É com um sorriso que chego a esse ponto final.

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