06 maio, 2011

Do falso educador


“Um preceptor [educador] pensa mais em seus interesses do que nos de seu aluno; tenta provar que não está perdendo tempo e ganha bem o dinheiro que lhe dão; oferece-lhe um saber de fácil exibição, que se possa mostrar quando se quiser; não importa que o que lhe ensina seja útil, contanto que seja facilmente visível. Amontoa, sem escolha, sem distinção, cem coisas em sua memória. Quando se trata de examinar a criança, fazem-no desembrulhar sua mercadoria; ele a exibe, todos ficam contentes; em seguida, ele embrulha de novo o pacote e vai embora. Meu aluno não é tão rico assim, não tem pacote para desembrulhar, nada tem para mostrar, a não ser ele mesmo. Ora, uma criança, assim como um homem, não se vê num instante. Onde estão os observadores que sabem distinguir ao primeiro olhar os traços que a caracterizam? Tais pessoas existem, mas são poucas; e, dentre cem mil pais, não se encontrará nenhuma delas.”

Citação de Jean-Jacques Rousseau retirada do livro Emílio ou Da Educação, de 1762.

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