11 julho, 2009

Ele andava tão só e são que as palavras lhe vinham, mas não eram suficientes para expressar; se é que ele tinha esse desejo. Nenhum desejo existia mais. Era tudo de menos, menos a vontade de morrer. Essa lhe seguia por todos os lados o embriagando sem precisar de um gole sequer de álcool etílico. Todo e qualquer lugar era cheio demais por ele estar vazio. Toda e qualquer falta era tudo que ele tinha. O frio do inverno chegava a ser escaldante se comparar com a temperatura da vida daquele moribundo.

A sujeira dos sapatos, a ardência dos olhos, a falta de fome era mais necessário que respirar. Morrendo ele se sentia vivo e assim vivia a busca pela partida sem destino. Cada olhar pela janela buscando o carro azul, o som dos motores do lado de fora da janela já eram suficientes pra fazê-lo acreditar que a única coisa capaz de fazê-lo feliz estava ali presente do lado de fora. Mas não existia nada, os carros não eram o que ele imaginava e torcia ser.

As frestas entre os frisos são um pôr-do-sol já perto e distante de acontecer de fato. Só há um bigode com secreções e uma barba falhada tal como a vida dele. Todas as pessoas à volta são invejadas pelos seus sorrisos verdadeiros que ele não consegue mais dar. O pai, a mãe, o irmão, os amigos não são capazes e nem podem carregá-lo no colo, como ele deseja. Ele não consegue mais andar, as vozes são altas demais para os ouvidos, a vida e a solidão lhe pesam os ombros. O mundo ficou cinza, como ele nunca imaginou que pudesse se transformar. Só correm lágrimas e saudade, ao invés de esperança e fé de que é possível.

As páginas são grandes demais para ele e ao mesmo tempo seriam pequenas se conseguisse colocar no papel fielmente a dor.

Mãos geladas, pés suando, cabelos mal-lavados. O mundo acontece e corre sem parar, ele não espera que ele suba e ande na velocidade que o tempo quer que ele ande. É dor demais no coração fraco que ele não nega. Na vida frágil que o carrega... e na saudade que todo dia ele carrega.

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