26 julho, 2009

Experiência e Presente

Agora vejo o peso que a idade tem sobre a vida de quem as vive. A experiência, a vivência, o saber fazer diante das coisas, que um dia, já aconteceu. Tudo que já se passou, na frente de quem é experiente, faz parte do que ele agora já é. Existe mais segurança e sabedoria. As coisas não acontecem mais sem um motivo qualquer, agora é mais consciente, o peito já está ali, experimentado das dores e das vitórias.

Existe um orgulho, um passado para honrar e para mostrar pr’aquele, do presente, o quanto o passado fez das pessoas o que elas são hoje, o quanto elas sofreram e o quanto ainda sofrem. As vitórias que ergueram e os triunfos que conquistaram com ou sem ajuda de alguém, mesmo que este ainda esteja na frente delas, este é passado. A maior vitória é manter uma bagagem, os dizeres engessados e o que tanto prega.

Acredito que os bem-aventurados são aqueles que têm um presente a viver, um futuro a construir no hoje, baseando a vida no perfume da pessoa que recém deixou de rastro, do que aquele perfume que um dia foi doce, mas lhe remeteu ao passado, pregou tanto pelos dizeres e esqueceu do presente.

Experiência de nada vale, se não, para deixar as pessoas neuróticas achando que o passado vai se repetir no presente, para fazer do presente uma parte do passado e para sabotar o que se tem de bom em nome d’aquilo que nem aconteceu ainda.

Os acontecimentos são irrepetíveis, indivisíveis, nunca acontecem tal como um dia, se acha, que aconteceu. Dar valor as coisas inesperadas e indivisíveis no espaço cronológico faz da existência algo muito maior e mais gratificante, transcendente. O valor que os segundos tem diante de um futuro escasso parecem muito maiores diante de alguém que não vê nada adiante das frestas da janela, porém, quando a janela é aberta, o mundo se torna mais visível e o vento começa a querer visitar as cobertas.

A vida quer visitar as entranhas, o mundo começa a fazer do ser algo mais vivo e mais frutífero. Oxigênio e gás carbônico não são antagonistas. São partes do mesmo mundo e podem fazer de um único ser algo bonito. Se num passado oxigênio(bem) e gás carbônico(mal) foram objetos de guerra, agora, no presente, fazem parte de uma única moeda; a vida, bem e mal.

Tudo é mais leve, mais vivo, engraçado, alegre, motivo de riso. Ninguém ri, verdadeiramente, sem um motivo; caso contrário, na foto, depois de tirada, ficam aqueles sorrisos artificiais. É exatamente assim com a vida. Ninguém vive e ninguém sorri com a vida sem um motivo, sem uma razão ou sem um por que. Isso não é razão para deboche por ser algo que parece tão distante ou sobrenatural. Deboche é o final de domingo ou os momentos em que se sente falta de alguém ou daquele passado que um dia teve. Aí é que o presente rico e o futuro fazem valer a pena viver.
Experiência? Até vale, mas para o presente prefiro dar uma resposta criativa.

2 comentários:

Arlise disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Arlise disse...

As vezes fazemos do passado um escudo para o presente, e acabamos não vivendo tudo intensamente.
É bom voltar a sorrir.