30 novembro, 2009

A verdade na poesia amarga

Quando me encontro em um vácuo agonizante que me causa angústia logo me identifico com as músicas tristes, com as poesias sofridas e penso em coisas negativas. Não é diferente de quando vejo algo alegre, procuro coisas alegres. Há mais verdades em ditos tristes e melancólicos que nas manifestações cheias de alegrias, os floreios mentem, o furo no papel feito pela caneta denuncia a angústia.

Não consigo disfarçar o amargo no peito, o sentimento de vácuo entre eu e outra pessoa. Aquele sentimento de estar longe mas estar ao lado deixa meu peito tremendo e a língua descoordenada. Como mentir em uma poesia triste? Ninguém mente ao sofrimento, mesmo que alguns zombem dele, quando se deparam, sempre acabam por ser sinceros.

Os olhos veem estreitamente e o cérebro consegue ouvir poucas coisas, os braços querem segurar mas o peso torna impossível, o dia claro se torna o mais escuro e a noite esfria em pleno verão. Tudo fica catastrófico. As coisas parecem perder sentido. A mim cabe se entregar ao que sinto e esperar por algo que facilite d’eu me movimentar; movimento esse devagar e acanhado.

Acho que é assim com a poesia amarga: as coisas passam a ser mais difíceis de serem vividas, mas sempre existe verdade em cada linha de amargor.

O calafrio sempre acontece quando o fim se aproxima. Um som de celular pode causar isso.

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