22 março, 2011

Frio na Espinha


Não há fome em mim
Daquilo que deixei contigo
Era mais do que amiga
A sombra que te segue
E um dia foi minha

Os pratos estão sobre a mesa
Restos estão pelo nosso chão
A poeira da estrada não tortura
Desde que esteja no caminho
Levando para onde for, amargura

Ai, ai, ai para onde vais?
Me deixa assim, sem roupas
Não que precise delas
Mas foi com esse casaco que levas
Que te aqueci e agora queima
Aquele inverno ébrio ardeu
Com a lenha na lareira

Vá, leve tudo,
como quiser
Não sejas mais,
como nunca foste
A minha mulher
Nunca te desejei
Presa em meu umbigo
Jamais foste minha
Carrega para longe
Tudo que eu tinha

O amém por não haver
O nada ou além
Furtando
Leva, leve
O que restou de vida
Por tudo e aqueles
Que jamais serviste
Como gente
Ou verdadeira amiga

Quem te ergueu?
Quem orou ao teu lado?
Sabendo que logo me feriria
Preferia morrer
A suportar um hipócrita abraço

É para o bem
Que esfaqueava o meu ser
Jogando pelas janelas
No virtual ou naquelas
Que um dia debruçamos
Jogando fumaça
Que preferiria
Ser de minhas cinzas
A ser do castelo
Onde era princesa
E também donzela

Nenhum comentário: