16 setembro, 2010

Greve dos Residentes - Esqueceram de alguém!


Hoje o usuário do Sistema Único de Saúde, senhor José Regimberto da Silva, quem acompanho em todas as suas consultas, teve mais uma frustração. A segunda, desde o início da greve dos residentes de medicina – da psiquiatria, mais precisamente. Não foi atendido por sua “doutora”, a que tem certo vínculo e administra sua medicação psiquiátrica. Na primeira, o usuário fora atendido por alguém que não recordamos o nome. Este veio com uma modificação esdrúxula na dosagem de um novo medicamento. Na outra semana a consulta foi desmarcada devido a ausência causada pela greve da profissional.

Às 14h de hoje, 16 de setembro, novamente o usuário necessitando de nova receita e, principalmente, atendimento psicológico, não foi atendido e saiu de mãos abanando. Sua medicação está no fim.

Quem sofre com isso? O usuário. Os que diariamente ajudam e auxiliam essas pessoas tão desassistidos pelos governantes ficam indignados e tristes, tal como estou. Políticas públicas perfeitas, técnicas científicas tidas como exemplares, profissionais altamente qualificados no que diz respeito à academia, mas... quem realmente deveria ser beneficiado por isso tudo? Esse não é atendido, nem respeitado. O motivo é que esses profissionais estão preocupados com o aumento de sua bolsa-auxílio pouca, de “apenas” R$ 1.916,00. A média da bolsa-auxílio nacional, entre todas as outras profissões, segundo levantamento feito em 2009, é de R$ 806,00. Temos uma diferença de R$ 1.110,00. O que isso nos indica? Não somente abismo em relação a quantidade de dinheiro, mas também no egocentrismo dos profissionais que ainda se acham superiores.

Temos perguntas a serem respondidas e pessoas sendo negligenciadas por desejo de mais dinheiro no bolso. Que toda categoria, todo profissional seja remunerado de acordo com o seu trabalho e sua qualificação. O que não anula de que seus esforços para ganhar aumento não passe por cima dos que precisam de ajuda urgente; que tanto já sofreram em manicômios, pensões precárias, clínicas psiquiátricas subumanas. Sejamos mais humanos, procuremos o meio-termo, que o efetivo de profissionais não seja reduzido à zero, que os supervisores e administradores tragam para si a responsabilidade que lhes cabem.

Diante do que vem acontecendo e do tão falado Ato Médico - movimento político que busca centralizar o poder das áreas da saúde em torno de um único profissional (médico) – devemos abrir os olhos e avaliar se esses profissionais após sua residência vão trabalhar por humanos ou por somente pelo dinheiro.

Esse texto ironicamente parece ser continuação do artigo escrito no último post deste blog.

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